domingo, 30 de outubro de 2016

As línguas

Admiro as línguas há anos. Especialmente as aguçadas, as que se entretêm a apurar criticamente as ladainhas. Capazes de dissecar cadáveres, elevam as consciências ao zénite da boa moral. Algumas envenenam-se em rodeios, ânimos suspeitos, é uma iguaria de sons. E com propriedade, quando se encontram, tornam-se as mais caridosas sensibilidades, a fraternidade eleva-se ao vulcão.
Nos cafés saboreiam o tempo, discorrem tratados de compleição. Como é bom contemplar estas belezas.

Prefácio

Após uma interrupção secular, decidi voltar a este canal, motivado a narrar uma ficção inútil, dispersa, a paisagem teatral que desenha o mundo.
Todos os dias ruminamos, romanceamos, congeminando palavras, masturbando entes, soprando olhares.
Vociferar a miopia, descrevendo uma nuvem onírica, um espaço para confidências imaginárias, movido por um genuíno amor à bajulação eréctil.
Todas as semelhanças com a realidade serão puramente fictícias... meras coincidências na mente do leitor...